Postado há 6 anos
Por Jairo da Silva
A formiga, em seu dia melancólico, resolve sair do formigueiro. Vai até o lago, coloca sua pata na água e molha a barriga. Olha para cima e nota, que, no longo galho de uma árvore, uma libélula, descansa tranquilamente, parecendo estar dormindo. A formiga volta para si e em passos largos, volta ao formigueiro, agora um pouco mais agitada e preocupada. Toma seu leito e começa a tramar estratégias, pois pretende fazer, que o alimento chegue até o formigueiro, evitando com isto, que as colegas economizem energia. Então ela chama a metade de suas colegas e avisa o que irão fazer. No dia seguinte, saem calmamente e vão até o lago. Olham para cima e não veem nada. Com críticas violentas, retornam para casa e em um ato nervoso, resolvem levar a doida até a rainha. Calmamente, após ouvir todas, a mestra chegou à seguinte conclusão: todas vocês, estavam buscando algo. O que buscavam, não poderia ser alcançado. As formigas, em alvoroço, tentaram linchar a idealista. A surpresa abateu sobre elas, quando a rainha afirmou, em forte ton. que, todas estavam erradas e a acusada estava quase certa. Não compreendemos, gritavam as estressadas. Ao ordenar que todas sentassem, a mestra explanou.
Temos conhecimento sobre a vida e do porque estamos aqui, certo? Temos que nos alimentar e construir grandes aldeias. Precisamos carregar muito peso e fazer o nosso mundo, cada vez melhor, certo? Estamos em um local, que nos foi confiado. Escolhemos o lugarzinho e construímos nosso lar. Todas, ao tornarem adultas, passaram por capacitações, pois, sem conhecer o nosso passado, não teríamos sucesso na manutenção de nossas vidas e de nossa aldeia. Não podemos nos esquecer, de que nestas aulas, aprendemos que somos dotadas de extintos. O plano da colega estava correto, quando no campo das ideias. Quando foi transposto para a prática, no primeiro obstáculo, desistiram e se voltaram contra ela. Vamos verificar o seguinte. Se, ao capturar aquele monstro, que estava no galho da aquela árvore, vocês colocariam na porta do formigueiro. Ela seria morta e todas vocês, quando viesse alguém para se aproveitar do alimento fácil, atacá-lo-iam e, vossos alimentos, também seria fácil, certo? Esta era a ideia. Murmuraram algumas. A rainha então, em ton. baixinho exclamou: Então não deu certo! Sabem por quê? Faltou planejamento por parte da idealizadora, quando não revisou o plano com todas. Para tudo na vida, precisamos atuar com responsabilidade e planejar até os pensamentos. Vocês não acreditaram nela, pois ela lhes garantiu que, o monstro estaria lá. O mesmo não estando, todo o restante foi descartado. Agora, vamos planejar e fazer com que todas trabalhemos. Após algumas reuniões, começaram a execução. Grupos deslocavam para um lado e para outro. Umas ficavam ao redor e outras em cima do formigueiro. Após alguns dias, conquistaram a isca. Posicionaram no melhor local e esperaram a primeira oportunidade. As olheiras, do auto do formigueiro, emitiram os sinais e todas se colocaram em posição de ataque. Quando o bicho grande cheirou o cadáver, as formigas atacaram. A rainha, como estava comandando as tropas, aguardou o bicho ser abatido, para também, encher sua barriga. A rainha viu suas companheiras sumindo. O bicho estranho era mais forte do que elas imaginavam. O tamanduá saiu tranquilo, deixando para as violentas formigas algumas lições importantes. Mesmo com todo o planejamento do mundo, devemos nos por mais humildes. Não é porque somos muitas, que daremos conta de poucos. Pensar e planejar é importante, mas buscar somente a facilidade, não é o modo correto de ganhar a vida. Nas capacitações, aprendemos que, devemos prestar atenção no extinto. Ao não tomarmos cuidado as lições importantes dos ancestrais, caímos em tentação.
As formigas nunca mais foram as mesmas. As novas ideias, por melhor que elas parecessem, não eram postas em prática. As candidatas a rainha, tinham que se comprometer com as boas práticas e de eliminar qualquer tipo de inovação. Hoje, os formigueiros estão tão sofisticados quanto os da época primitiva. As formigas, atacam, pois este é seu extinto, somente quando se sentem ameaçadas. Para se alimentar, continuam gastando muita energia.
Os formigueiros estão se acabando, pois existem bichos que não, invariavelmente, respeitam seu habitat.
Coitada das formigas. Morrem sem saber o que será do futuro de suas companheiras. Só trabalham e comem. Não brincam e sua vida social está baseada no trabalho.
Deste modo, passa tempo e passa época. As eternas trabalhadoras, buscam cumprir um ciclo que nunca se fecha.
Será que os humanos possuem algo em comum com esta sociedade?